quarta-feira, 23 de março de 2011

Porque falámos de árvores, de poesia e de água nestes dias...

Há dias foi dia da árvore, ontem também foi dia da água…tantos dias se esquece destas mesmas árvores e da mesma água…

A árvore das raízes

a minha infância tem uma árvore
assombrosa. É uma bela história de amor
entre as nossas mãos pequeninas
e aqueles seus braços enormes, bravos e
loucos como o riso das mães,
que faziam abrandar o medo e a tarde.

oito, nove, dez: virávamo-nos à procura dos outros
pelo labirinto de grutas cavado nas raízes,
ao abrigo do vento e da solidão que não tardaria
a descobrir o nosso esconderijo.

ao parar, há dias, na ‘Deslocação do Labirinto’,
imaginei que talvez Vieira da Silva
tivesse sonhado a minha árvore. (...)

As árvores acompanham-nos desde a infância, albergando princesas, duendes e outros seres, crescem connosco. Dos seus braços pendem baloiços, às vezes ostentam declarações de amor sob forma de cicatrizes e dão abrigo aos chilreios da passarada. Quantos de nós não temos "aquela árvore", pedaço de nós, dos cenários onde nos vamos formando...
Neste excerto de um poema de Renata Correia Botelho, lembremos as árvores que trazemos da infância.
Em Almada havia uma, imensa, labirinto de raízes e troncos.

Para que falemos de árvores, de poesia e de água todos os dias...

(Retirado de Maria Luís no facebook)

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